Impetuosa e arrebatada. Emotiva.
Canta Amor e Morte, sentimentos pungentes, lágrimas e sorrisos.
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Eles sonharam sonhos. Elas sonharam sonhos.
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Ele há musas…
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Alma Mahler Gropius [Kokoschka] Werfel
compositora, a mulher mais bonita de Viena
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Alma, a mulher dos grandes génios. Amante de Gustav Klimt, mulher de Gustav Malher, compositor; depois de Walter Gropius, famoso arquitecto, fundador da Bauhaus; e, por fim, de Franz Werfel, poeta e novelista. Entre os seus amores conta-se ainda Oskar Kokoschka (que, com Klimt, era outro dos pintores do famoso trio vienense), porventura o que mais exacerbadamente a amou.
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As duas grandes guerras vêm diluir as diferenças entre homem e mulher pois, na ausência destes, são elas quem tem de tomar as rédeas do país e desempenhar trabalhos que antes lhes estavam interditos. Munitionettes, cheminottes, obusières, fabricam munições, conduzem táxis, autocarros, cobram bilhetes, trabalham em fábricas, são polícias. E têm, ainda, um fundamental papel na Resistência Francesa. Escrevendo, pintando, mesmo as actividades clássicas, como a costura, tornam-se uma profissão remunerada. Ousando.
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O seu envolvimento nas grandes guerras levou-lhes uma liberdade no estar e nos comportamentos nunca antes vista. Simultaneamente, introduziu mudanças no vestuário vulgarizando o uso das calças, aligeirando os vestidos, que se queriam práticos dadas as actividades laborais.
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A garçonne não apenas usa cabelo curto, veste calças e pratica desporto, imagem que, desde a última década de oitocentos, se alia ao masculino. As calças, já antes usadas em traje de equitação, calça ou prática de golfe, vêm para ficar no vestuário do quotidiano, vontade de imitar os homens na sua liberdade, acesso para a igualdade.
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As mulheres russas conseguiram o voto em 1917, as inglesas em 1918, seguiram-se as luxemburguesas no ano seguinte, e as americanas em 1920. As turcas obtêm-no em 1930, e as espanholas em 31. Embora a Revolução Francesa lutasse pela igualdade, nela se envolvendo as mulheres, por ele lutando desde 1791, o nascer livre e com iguais direitos aos dos homens levou Olympe de Gouge à guilhotina, e o sufrágio universal, após a Revolução de 1848, atendeu apenas metade da população, a metade masculina. As sufragistas, empenhadas em apelos públicos, numa intensa campanha após 1900, apenas em 21 de Abril de 1944, conseguem o direito ao voto, com de Gaulle.
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Sendo o homem o chefe do clã, era este quem pela família deveria votar. As mulheres, destinadas por natureza e vocação a serem mães, deveriam ser guardiãs da família e seus valores, não mais. Porém, o destino feminino deixa de ser apenas esposa, mãe, dona de casa apontando outros caminhos, as mulheres investem em interesses que não apenas o lar ou a costura, vão-se destacando em outros domínios, conquistam um lugar no campo artístico.
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Renée Vivien e Anna de Noailles escrevem poesia, Isadora Duncan deslumbra com a sua dança, Mistinguett cativa Paris, tornando-se a vedeta mais popular dos Folies Bergère, Moulin Rouge e Eldorado. Louise Brooks brilha no cinema, Alice Guy é pioneira como operadora de filmagens, Camille Claudel realiza as primeiras esculturas, Lili Boulanger, é célebre compositora, Suzanne Valadon faz do seu estúdio o Musée de Montmartre, Elise Laroche torna-se a primeira mulher no mundo a obter a licença de pilotagem. Mulheres corajosas que, enfrentando a sociedade, triunfaram sobre as falsas morais e o preconceito, tornaram-se senhoras da sua própria vida, a elas se devendo o grande passo para a modernidade.
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Hora de abandonos
Em que a gente esquece
Aquilo que somos
E o tempo adormece
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Tomo o cetim às mãos cheias.
Sinto latejar as veias
na minha carne abrasada!
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Nevoenta hora
Hora de ninguém
Em que a gente chora
Não sabe por quem.
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Torcem-me o corpo desejos
mordendo o cetim com beijos
E tudo se esconde
Nessa hora onde
Por estranha magia
Brilha o sol de noite
E o luar de dia.
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Viperino.
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Muros de injustiça, tacanhez, intolerância, imbecilidade
que teimam erguer-se aos céus, quando descem aos infernos. Em injuria, desonra, prepotência.
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