Tuesday, October 2, 2007

Cilindros Mágicos

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Thomas Edison, o mesmo da lâmpada eléctrica, construiu os planos para o primeiro fonógrafo, cuja apresentação foi feita em Paris, em Março de 1878, sendo o primeiro aparelho a registar a voz humana.
A publicidade fez o resto, todas as noites se podia ouvir na Salle des Capucines, Paris, a famosa “máquina falante”. Composta de um cilindro coberto por uma fina folha de estanho e de um diafragma, um aparelho muito rudimentar e frágil, que só permitia ser escutado três ou quatro vezes, e cujo som deixava muito a desejar.
Edison passa a dedicar-se à electrificação dos Estados Unidos esquecendo o seu fonógrafo. Foi a descoberta, dez anos depois, de Charles Summer Tainter que, substituíndo o estanho por cera endurecida, lhe deu um novo alento.
Edison, tomando conhecimento desta evolução, utilizou-a colocando no mercado um novo aparelho com cilindro de cera e cujo motor funcionava através de pilhas. No ano seguinte, cria um outro aparelho ainda mais perfeito que, apresentado na Exposição Universal de Paris, em 1889, fascinou os visitantes.
Charles Tainter, associado a Graham Bell, pai do telefone, apresentaram, na mesma exposição, o Graphophone que deu ao fonógrafo uma nova vida. Previsto para registar e reproduzir a voz, este atingiu o seu objectivo quando a Columbia Phonograph Company decidiu constituir um repertório registado e, associando-se à Graphophone, criou, em 1891, o pirmeiro catálogo de cilindros.
Neles se encontravam áreas de ópera, canções, monólogos, etc. Estes primeiros registos eram dolorosos para os artistas, pois que obrigavam a repetir incessantemente a mesma música ou canção, uma vez que apenas se conseguiam gravar alguns cilindros de cada vez.
Avós das juke-boxes, os aparelhos funcionavam a moedas e surgiram em vários lugares públicos. Durante 2 minutos, cada um escutava a música escolhida, passando esta duração a 4 minutos em 1909. Entretanto, o fonógrafo chega aos domicilios, o Eagle, cujo custo era 10 dolares e se implantou no mercado europeu.
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Em 1894, Charles Pathé descobre na feira de Vincennes um fonógrafo Edison, pensa que ligando-o a duas dezenas de ouvintes ele lhe poderá render muito dinheiro. Comprado por 1800 francos, logo no primeiro dia, na feira de Raincy, consegue 200 francos de receita, que não cessaria de aumentar sendo, assim, criada, dois anos depois, a casa Pathé Frères. Sem grandes escrúpulos, diga-se, pois que o seu símbolo copiou a águia original rebaptizando-a de “Coq”, seu emblema.
A Emile Berliner se devem os trabalhos sobre os discos planos galvanizados, e ,usando um motor capaz de criar uma velocidade constante de 70 voltas por minuto, depressa o catálogo de discos onde figuravam Caruso, Chaliapine, Melba, Patti etc constituiu uma grande atracção e a Gramophone destrona os antigos cilindros.
Em 1899, Francis Barraud, pintor londrino, pinta um quadro em que Nipper, o seu cão, aparece frente a um cilindro Edison, havendo apresentado este quadro à firma e, por esta recusado, mostra-o à Gramophone que o aceita, com a condição do fonógrafo Edison ser trocado por um gramofone nº3, sendo que, deste modo, La Voix de son Maître nasce como a sua imagem de marca.
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Pouco a pouco as evoluções vão-se fazendo, perdendo-se os pavilhões exteriores, que com o tempo tinham tomado dimensões monumentais, e tornando-se mais discretos, frequentemente transportáveis em malas.
Está-se na época dos loucos anos e, a uma volta de manivela, dança-se o tango e o Charleston. Imagem da Belle Epoque estes aparelos são o resultado de descobertas técnicas do fim do séc. XIX que transformaram os hábitos de vida.
Ultrapassada a era mecânica chega a da electricidade, a qualidade do som e a música ganharam de facto, mas a beleza, o charme e a sedução dos grandes pavilhões em metal, latão, madeira ou, menos comuns, cristal não existe mais.
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2 comments:

Anonymous said...

A doce magia dos tempos idos gravada nos espiralados labirintos da memória.

Gostei de ler.

peregrino

teresamaremar said...

Boa tarde anónimo

serão os tempos, tempos idos? Ou transportaremos em nós todos os tempos?
Porventura, olhamos os idos tempos de um ponto mais elevado, com um olhar mais enlevado.

Obrigada pela visita