Monday, July 30, 2007

Um Sonho do Tamanho do Mundo

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Declaran los infieles que si ardiera,
ardería la historia.
Se equivocan.
Las vigilias humanas engendraron
los infinitos libros.
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Jorge Luis Borges, Alejandría, 641 A.D., in Historia de la noche, 1977

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Chamava-se Demétrio de Falero. Nasceu cerca de 350 a.C, aluno de grandes pensadores, escritor de inúmeros livros, líder político. A ele foram erigidas 300 estátuas, que foram derrubadas, e apagados os seus vestígios, depois da sua queda com a passagem de Atenas para as mãos de Demétrio de Poliorcetes.
Parte para Tebas, onde passa os dias relendo Homero e escrevendo. Impossibilitado de regressar a Atenas, fixa-se em Alexandria, que o surpreende. Alexandria, em homenagem a Alexandre Magno, era um mundo mágico, tinha a forma de um antigo manto grego, dividindo-se a população e as ruas em cinco zonas, segundo as cinco primeiras letras do alfabeto grego (alfa, beta, gama, delta e epsílon).
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Aí, Demétrio convence Ptolomeu I a construir um prédio dedicado às musas, dando-lhe o nome de museu. Desde logo, o museu conta com uma imensa biblioteca, ficando Demétrio encarregue de adquirir todos os livros do mundo. A ele se deve a famosa Biblioteca de Alexandria, dividida em duas partes, entre o museu e o templo de Serapis.
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De Jerusalém deslocaram-se 72 judeus, que durante outros tantos 72 dias, sob a direcção de Demétrio, traduziram e copiaram em papiros os textos judaicos do Antigo Testamento. Para Alexandria se dirigiram tradutores e outros artistas. Pagavam-se direitos para copiar livros a partir dos originais, muitas vezes sendo devolvidas apenas as cópias, como aconteceu com os originais atenienses das obras de Esquilo, Sófocles e Eurípedes. Determinava a lei que quem visitasse Alexandria a ela doasse uma obra.
Demétrio morreu ao cair em desgraça com o sucessor Ptolomeu II. O seu corpo foi encontrado mordido por uma víbora e fez-se silêncio quanto a suicídio ou assassinato. Nunca foi director da Biblioteca de Alexandria, mas a ele se deve a sua criação.
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7 comments:

tolilo said...

YOU ARE NICE

BUT YOUR BLOG
PERHAPS A LITTLE TOO SERIOUS (?)

KISS

Anonymous said...

Minha querida Teresa

tenho sentido tanto sua falta!
é como já fizeste parte dos meus seletos e queridos amigos!

elisabete Cunha

Anonymous said...

Nem sempre se faz justiça a quem a merece, e a memória dos homens é quase sempre curta.

O seu a seu dono.

Belo!

teresamaremar said...

Olá Tolilo

:) pois... entendo o comentário... fui espreitar o teu blog e, com tal profusão de rosa...


obrigada pela visita

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Olá Elisabete

eu tenho estado um nadinha mais ausente, mas continuo a passar no teu (en)canto :)

beijo

teresamaremar said...

Olá Rigoletto

o seu comentário fez-me lembrar uma frase, de um anónimo, que li, num livro de Luís Sepulveda, deixada numa parede num campo de concentração...

Eu estive aqui e ninguém vai contar a minha história

.....

muitas histórias, por serem anónimas, ficam por contar,
muitas vidas ficam por lembrar,
muitas outras esvanecem no escoar do tempo.

Frioleiras said...

Teresa,

A exposição que inaugurou hoje no
MNAA
sobre

O TAPETE ORIENTAL EM PORTUGAL: Tapete e Pintura – séculos XVI a XIII.

A NÃO PERDER!
ABSOLUTAMENTE !

Com a tua sensibilidade, tão delicada e subtil, vais gostar, de certeza !!!

teresamaremar said...

:) olá Frioleiras

irei sim, e abre também a do Dali no Porto, a não perder, são cerca de 300 trabalhos

Grata pelo simpático detalhe da sensibilidade :)

beijo