Josephine Baker (1906-2975) "Black Venus", "Black Pearl" e "Creole Goddess", como gostava de chamar a si própria, descendente dos Índios Apaches e escravos negros da Carolina do Sul, começou a sua carreira dançando, ainda criança, nas ruas de Nova Iorque. Cedo conheceu o sucesso vindo da sua dança erótica, para o qual contribuíram haver sido estrela das Folies Bergère, e o facto de aparecer nua em palco. "J’ai deux amours" (1931) é o seu grande sucesso.
A sua notoriedade era tal que nem os oficiais nazis se atreveram a molestá-la, o que lhe permitiu mostrar a sua lealdade à França, que lhe concedera a cidadania, participando na Resistência Francesa, havendo-lhe, por tal, sido atribuída a Cruz de Guerra no final desta. A popularidade alcançada em França não foi, porém, a mesma nos Estados Unidos.
Conhecidíssima é esta sua foto dançando o Charleston, dança popularizada nos Estados Unidos na década de 20, que tem a sua origem nos ritmos africanos e que encontramos sempre associada ao mundo do Jazz.
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Dança quase imoral ou provocatória que as mulheres dançavam sozinhas ou acompanhadas. Era o tema frequente nos chamados Speakeasy, bares ou clubes onde as bebidas alcoólicas proliferavam ilegalmente [dos quais ainda resiste o Chumley’s, em Nova Iorque], imagem deste período negro.
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Os Speakeasy, cujo nome tudo diz, tornaram-se muito numerosos e populares consoante os anos de interdição avançavam, do mesmo modo que se foi estreitando a ponte com o mundo do crime organizado. Lugares das classes privilegiadas, os Speakeasy existiam a par dos Blind Pigs, espaços ilícitos do mercado negro onde acudiam as classes mais baixas, estimados estes entre os 30 e 100 mil na Nova Iorque dos anos 20.
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Josephine foi musa e diva de conhecidos nomes da pintura e das letras, tais que Picasso, Hemingway, Fitzgerald e Langston Hugues . [Hemingway dizia-a "the most beautiful woman there is, there ever was, or ever will be"]
Enquanto este e Fitzgerald se identificaram com o grupo da Lost Generation, Hugues fez parte da comunidade de negros expatriados havendo vivido em Paris.
Membro da Harlem Renaissance (Black Literary Renaissance ou New Negro Renaissance) Langston Hugues fez parte do florescer da literatura e arte negras, centrado em Harlem mas expandindo-se por todas as grandes cidades dos Estados Unidos.
Após o final da Grande Guerra, muitos soldados americanos negros regressaram a um país que continuava a cometer injustiças raciais. A Harlem Renaissance nasce em resultado das mudanças operadas na comunidade negra americana no pós-guerra. A grande emigração faz-se para as cidades do Norte, Harlem torna-se o núcleo cultural, lugar de Jazz e Blues, e de uma orgulhosa geração negra literária e intelectual.
Após o final da Grande Guerra, muitos soldados americanos negros regressaram a um país que continuava a cometer injustiças raciais. A Harlem Renaissance nasce em resultado das mudanças operadas na comunidade negra americana no pós-guerra. A grande emigração faz-se para as cidades do Norte, Harlem torna-se o núcleo cultural, lugar de Jazz e Blues, e de uma orgulhosa geração negra literária e intelectual.
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Langston Hughes, Charles S. Johnson, E. Franklin Frazier, Rudolf Fisher, e Hubert Delany. Autores africanos que influenciaram o movimento negro em França.
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Louis Daniel Armstrong (1901-1971) personalidade doce, amor à música e grande capacidade em prender públicos. Músico virtuoso e senhor de grandes êxitos, tais que “Hello, Dolly” (1964), com que suplanta os Beatles, e “What a Wonderful World” (1968), nos tops londrinos durante semanas, não consegue, contudo, obter grande sucesso nos Estados Unidos, até "What a Wonderful World" ser ressuscitada em Good Morning Vietnam (1987) e desde então percorrer o mundo.
Armstrong foi o primeiro afro-americano a ter um show na Rádio, 1930, e participou em inúmeros filmes, quase sempre aparecendo como elemento principal de uma banda, sendo a sua autoridade no desenvolvimento do Jazz incontestável.
Um homem generoso, apoiou os movimentos activistas em luta pelos direitos humanos, subsidiou a campanha de Martin Luther King Jr preferindo quedar-se na sombra, nunca misturando política com o seu trabalho.
Armstrong foi o primeiro afro-americano a ter um show na Rádio, 1930, e participou em inúmeros filmes, quase sempre aparecendo como elemento principal de uma banda, sendo a sua autoridade no desenvolvimento do Jazz incontestável.
Um homem generoso, apoiou os movimentos activistas em luta pelos direitos humanos, subsidiou a campanha de Martin Luther King Jr preferindo quedar-se na sombra, nunca misturando política com o seu trabalho.
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What a Wonderful World, ele acreditava.
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3 comments:
"A violinist had a violin, a painter his palette. All I had was myself. I was the instrument that I must care for."
E Josephine soube tratá-lo mesmo bem. Excitou multidões, levou a sua magia ao Mundo, ousou como poucas na sua época.
"I wasn't really naked. I simply didn't have any clothes on."
E tudo com a descontração ilustrada nesta frase citada.
E Armstrong, o génio do trompete, resume toda a sua Arte nesta simples frase:
"What we play is life".
E de que maneira a tocou!
Excelente este post.
Parabéns!
Ousar
Ousar ousar :)
"(...) o Charleston, dança popularizada nos Estados Unidos na década de 20, que tem a sua origem nos ritmos africanos
e que encontramos sempre associada ao mundo do Jazz. (...)"
I love jazz. :))
Jazz
O Jazz é arte, é ritmo, melodia,
Voz cálida, trompetes, saxofones,
Fumo, calor, bebida e harmonia,
É Parker, Armstrong, Ruth Jones.
É afro, europeu, americano,
É voz doce que afaga a noite insone;
É sonho em ambiente de piano,
Peggy Lee, Holliday, Nina Simone...
Bom-dia, gentil viajante da palavra!
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